sábado, 29 de março de 2014

Último trem

Estação Carrão, 00:20h, último ou penúltimo trem. Minha animada playlist de academia tocava R.E.M.. Vagão do meio. Entrei. Alguém ali escutava funk sem fones. Dois outros se esticavam pelos bancos. Éramos três ou quatro. Na estação Belém, entra duas garotas. Pelo trajar, imagino que iriam à alguma balada country. Eu desci na Sé. Precisava baldear em direção ao Jabaquara, na nossa querida Linha Azul.

Estação Sé, 00:40h. Pela mesma porta, entra uma loira, um músico e eu. Nítido que o músico havia se apaixonado pela loira. Senta no campo de visão dela. Eu sento próximo deles. Um cara na minha frente estava hipnotizado pelo celular. Era o único viciado moderno... acho. Um bêbado machucado e dormindo ocupava quatro bancos. Um viciado à moda antiga... acho. Playlist agora toca ACDC. Alguém que provavelmente labutara o dia todo, dormia copiosamente alguns banco à esquerda. A loira desce na São Joaquim. O músico fecha então os olhos e tenta dormir. A loira não devolveu um olhar sequer. Acho que ele merecia, afinal carregava um violão. Qualquer cara que toca violão, ou carrega, merece olhares e afagos. Na mesma São Joaquim, que finalizou um futuro relacionamento, adentra um casal. Um cara gigantesco de mãos dadas com um travesti. O Gigante tratava a parceira com tamanho carinho, que me fez sorrir e ter certeza que valeu a pena estar naquele vagão. Carinho é motivacional. Quando pessoas estão felizes, elas exalam isso para todos os lados e me deixam feliz também.

Chegamos à Praça da Árvore. Minha vez de descer, ao som da banda francesa Paradize. Antes porém, deu tempo de mandar um sms ao celular informado no vagão:

- "Bêbado machucado dormindo no vagão A199, sentido Jabaquara. Acabamos de chegar na Estação Praça da Árvore."

- "O Metrô SP agradece a manifestação. Os nossos empregados foram acionados para verificar e solucionar o problema."